Mateus Pereira de Lacerda, presbítero secular do hábito de S. Pedro, nasceu em Angra na ilha Terceira. Filho de pais não sabidos e dado a criar pela Câmara a Clara Maria, residente na rua de Baixo de S. Pedro. Foi baptizado na Catedral, pelo Reitor da mesma, António de Sousa Figueiredo, a 23 de Setembro de 1771, sendo padrinho Cosme Mascarenhas, freguês da Sé de Angra. Aos dez anos entrou ao serviço da Catedral como moço de coro. Posteriormente, desempenhou as funções de capelão supranumerário, sacristão, altareiro, capelão do número e mestre de capela, cargo que desempenhava desde 1808, por nomeação de D. José Pegado de Azevedo, sucedendo, respectivamente a Xavier António da Fonseca, João da Silva de Carvalho e Manuel Machado Dinis, que haviam ascendido a cónegos de prebenda da Sé de Angra. Além disso, são-lhe acrescentadas outras funções musicais, sobretudo a leccionação de canto de órgão. Era considerado um excelente músico com uma admirável voz de tenor.
Data de 14 de Agosto de 1796 a dispensa da irregularidade de ser filho de pai casado e mãe solteira - relação adúltera, como se refere explicitamente no processo -, a fim de receber a sagrada ordem do presbiterado. Do mesmo ano data a autorização episcopal para celebração da primeira missa. A 2 de Junho do mesmo ano, é autorizado a celebrar missa aos Domingos e dias santos na Igreja da Boa Nova. Por despacho de D. João VI, dado no Brasil a 9 de Setembro de 1816, é nomeado para o Benefício, vago pelo óbito do Padre Francisco Borges da Silveira, da Matriz de Santa Bárbara das Nove Ribeiras. Por várias vezes foi opositor ao concurso para canonicato de prebenda, juntamente com outras dignidades, entre elas um beneficiado Álvaro Pereira de Lacerda, não se sabendo se existia relação de parentesco entre os dois, e não constando nenhuma provisão para aquela cargo.
